6.7.07

O que foi pelo que poderia ter vindo.

Já li alguns argumentos que passam a mão na cabeça da ditadura militar. Quando não estão elogiando, seja pelos méritos econômicos, seja pela salvaguarda da moral (como disse Douglas Adams, no Guia do Mochileiro das Galáxias, referindo-se ao personagem Ford Prefect: "ele tinha sua moral. Não era lá grande coisa, mas era sua."), dedicam todo o tempo que juram não ter para a defesa que representou tal ditadura frente a um monstro muito maior: o monstro vermelho comunista.
Em suma, coloca-se a ditadura militar brasileira como "necessária", tendo em vista do quê ela nos salvou. Pior seria se houvéssemos nos tornado comunistas, dizem. Seríamos a Albânia da América do Sul. Ao invés de 6 mil mortos e desaparecidos teríamos 6 milhões. Ao invés da democracia, hoje, teríamos um modelo chavista autoritário e repressivo à cubana.
Interessante argumentação, ainda mais quando ouvida por um historiador. Furada como peneira, mas interessante. Coloca-se o feito, ainda que macabro, frente ao que poderia vir a acontecer. Admite-se o horrendo frente ao mais horrendo que poderia talvez um belo dia de sol de primavera vir a ter acontecido um dia há tempos. Confuso?
Dói os olhos ler essa argumentação. Afinal, a bola de cristal do historiador está sempre queimada. A história não trabalha com "se" porque qualquer coisa poderia ter acontecido no lugar do ocorrido. Não há metas ou destinos traçados na história, ao menos nenhuma linha que possa ser apreendida pelo olhar do historiador. Ainda que ela esteja lá, deve ser desconsiderada como fio condutor da explicação causal. Não parece ser assim que a cabeça dessa gente funciona.
Bom, esse texto não tem conclusão. Até.