A ação humana, mesmo envolta na poderosa armadura da reflexão
passo-a-passo, contunua sendo ação humana. Limitada, inacabada, parcial. O ser
humano é um ser inacabado, já diria Paulo Freire no Pedagogia da
Autonomia.
Engraçado como a autonomia que prega a filosofia da práxis passa, necessariamente, como bem aponta Paulo Freire sem o dizer, pela consciência desse inacabamento. Perdida a consciência, perdeu-se a autonomia. O ser humano torna-se, então, refém de suas convicções inabaláveis, que podem ser muito boas para reforçar a ação, mas perigosíssimas para o espírito livre.
A filosofia da práxis necessariamente deve ser uma atitude permanente, jamais estacionada. A cada nova perspectiva corresponde uma mudança, exigindo um novo ponto de vista e uma nova revolução interior, ad infinitum.
O perigo da filosofia da práxis, por incrível que pareça, não é um problema da filosofia em si, mas de nossa limitação humana, de nossa ânsia pela verdade e da arrogância com que debatemos, dentro ou fora da academia, buscando impor nossa verdade aos outros (e aqui cabe lembrar Foucault e a "vontade de verdade" que acompanha o discurso). Seres humanos que podem expandir-se ao máximo, caso deixem de lado essas pequenas cercas que os prendem ao egoísmo de si mesmos.